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MOSTRA DE VIDEO-PERFORMANCE JUVENTUDES

Vila Velha - Brasil, 2021

Em isolamento social os artistas buscam novas formas de expressão. Video-arte, video-performance, video-experimental são potencializadores de liberdade de criação, autoria, autonomia. Realizaremos uma mostra dos vídeos produzidos pela Cia Poéticas da Cena Contemporânea através de um dispositivo chamado “contagio”: um artista produz um vídeo e envia para outro, que envia para outro e assim sucessivamente. No final da cadeia de contágios, realizamos uma mostra.

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O QUE É VIDEO-PERFORMANCE?

O inaudito como efeito da montagem

Propomos contextualizar a atividade da videoperformance na décade de 70 com Letícia Parente, quando costura sobre a planta dos pés uma palavra. Ou quando usa o ferro-de-passar sobre o corpo, denotando o vazio que implica, já que tal utensílio doméstico ignora o corpo em detrimento da roupa. Ou, quando “se” pendura no guarda-roupa como se o corpo não denunciasse presença.

 

Após décadas, temos uma tradição consolidada, com nomes que poderíamos citar:  Marcelo Coutinho Esthio, Lucas Bambozzi, Daniel Santhiago, Bill Viola, Fernando Cochiarale, Juliana Freitas, André Parente, Guto Parente, Uirá dos Reis, Alexandre Veras, Waléria Américo, Yuri Firmeza, Eliana Travassos, Solange Farkas, Almir Almas...

 

Quais as características em comum (para além do uso do vídeo evidentemente)? Uma interferência na montagem subvertendo lugares do cotidiano social? Uma remontagem de tempo e espaço? Mais do que a questão temática? Colocar a resposta no âmbito da forma (jogo com lugares, tempo e espaço) nos abre a perspectiva de sair da conotação discursiva sobre o conteúdo: a tal “mensagem”, a tal “fala”.

 

Propomos pensar a video-performance como uma linguagem que transpassa o dito e se transforma em dizer; não se esgota no enunciado, é enunciação. O que é isso? Algo que não se traduz em discurso corrente e lógico, na compreensão racional do mundo.

 

Explicando melhor: aparece algo que nos deixa sem ar ou voz, sem articular explicação ou tradução. É este gesto de apontar para uma verdade inaudita do sujeito. O ferro passando o corpo como se ali não estivesse, só a roupa. Algo se revela da nossa estrutura de sujeitos humanos; algo que não é fácil, nem mesmo possível de se dizer.

 

Mas, como fica a ideia de “lugar de fala”? E da obra como intervenção social, queixa, mensagem, denúncia, testemunho? Há lugar de fala, mas este não limita o jogo? Ele está articulado? Não limita a forma que faz, de si própria, um lugar? Este lugar está implicado na forma que para além deste aponta: inaudito?

 

Resta saber se nossos vídeos implicam este efeito, este que a posteriori temos, do que resta da montagem e não se traduz. Ou, se quando assumimos um lugar de fala, abrimos um caminho de identificações que o sabota. Ou se, ainda com este lugar que produz identificações, resta algo do não-dito apontado, capturando o sujeito e convocando o corpo de quem olha. E se ainda, como nos faz acreditar José Miguel Wisnik em “O Som e o Sentido”, a obra está na relação entre os dois.

Propomos esta reflexão e interrogação em aberto para orientar nosso exercício em video-performance.

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